<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=259 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA DÉCIMA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.07.1997.

 


Aos dezessete dias do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Garcia, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães, Titulares, e Cyro Martini, Não Titular. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Quinta Reunião Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Isaac Ainhorn, a Indicação nº 79/97 (Processo nº 2190/97); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 329/97, do Senhor Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 315, 316, 317, 318 e 319/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 02/97, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente GETES/DEFIN, do BNDS; 408/97, do Senhor Günther Staub, Secretário de Estado do Turismo/RS; 833/97, do Senhor Celso Testa, Presidente do Tribunal de Contas do Estado/RS; s/nº, do Senhor Iñigo de Palacio España, Cônsul-Geral da Espanha; s/nº, do Senhor Newton Burmeister, Secretário Municipal do Planejamento; Convites: do Senhor Armando Kurle, para coquetel de inauguração da Exposição de Pinturas, Aquarelas e Serigrafias, no Espaço Cultural Arvel Veículos; do Doutor Jeferson Luiz Pereira Coelho, Procurador-Geral do Trabalho, e da Doutora Vera Regina Della Pozza Reis, Procuradora-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho, da 4ª Região, para a solenidade de inauguração da nova sede; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal de Educação, para o coquetel de lançamento do livro do IV Seminário Internacional sobre Reestruturação Curricular: Identidade Social e a Construção do Conhecimento; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer, para a inauguração da Sede Administrativa e Esportiva do Parque Ramiro Souto; Fax do Senhor José Fernando Cirne Lima Eichenberg, Secretário de Estado de Justiça e da Segurança/RS; Impressos: da Federação das Mulheres Gaúchas - FMG, divulgando a programação da comemoração dos quinze anos daquela entidade; da Coordenação de Direitos Humanos e Cidadania - CDHC, da Administração Popular, do Conselho Municipal de Cidadania Contra as Discriminações e Violências - CMDS, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul - AJURIS, divulgando o Seminário Violência, Segurança  e  Cidadania - Ciclo de Debates; da Associação Amigos do Theatro São Pedro, divulgando <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>programação para o mês de julho do corrente; do Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios, divulgando o Congresso Interestadual de Vereadores, em Salvador/BA; da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR, enviando programação cultural; da Secretaria Municipal de Saúde e do Departamento Municipal de Água e Esgotos, divulgando o Seminário de Implantação do Cadastro de Poços Tubulares Profundos de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 11/97 (Processo nº 2208/97 - autoriza o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre a ausentar-se do País, dos dias vinte e um a vinte e sete de julho do corrente). Em Discussão Geral e votação, foi aprovada a Indicação nº 76/97, após ser discutida pelo Vereador João Dib. Após, foi aprovado o Requerimento nº 165/97 (Processo nº 2227/97 - Moção de Solidariedade ao Secretário de Estado da Cultura, Senhor Nelson Boeira, pela edição do calendário cultural). Na ocasião, o Senhor Presidente informou o envio de resposta à correspondência enviada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, onde constavam denúncias de que militantes do PT teriam praticado atos de vandalismo em um painel na sala do PSDB. Ainda, o Vereador Guilherme Barbosa solicitou cópias da referida correspondência, o que foi deferido pelo Senhor Presidente, e o Vereador João Dib manifestou-se acerca das depredações verificadas nos banheiros do Palácio Aloísio Filho, sugerindo a adoção de medidas a fim de coibir tais atos. Em continuidade, foi aprovado o Requerimento nº 164/97 (Processo nº 2226/97 - Moção de Solidariedade aos trabalhadores na segurança pública do Rio Grande do Sul), após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Gerson Almeida. Após, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 12/97. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell teceu considerações a respeito da situação pela qual passa o sistema financeiro estadual, lendo cópia de correspondência enviada pela Senhora Ângela Márcia de Freitas à Ouvidoria do Banco do Estado do Rio Grande do Sul - BANRISUL, onde Sua Senhoria tece críticas ao atendimento do referido banco. Registrou o recebimento de missiva enviada pelo Assessor Especial do Gabinete do Prefeito Municipal, Senhor Paulo de Tarso Carneiro, acerca do projeto Porto dos Casais. Finalizando, manifestou sua preocupação com o fato de que, atualmente, muitas pessoas estão sendo enganadas por anúncios que oferecem crédito pessoal sem maiores dificuldades. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, ao referir-se a uma publicação interna da Secretaria Municipal do Planejamento, criticou o fato do Executivo Municipal ter enviado o Projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental apenas no mês de setembro do ano passado, impossibilitando a sua devida apreciação por esta Casa. O Vereador Gerson Almeida, ao discorrer sobre a questão do uso de propaganda institucional pelo Governo do Estado, ressaltou que tais peças publicitárias, ao serem produzidas, devem  primar  pela  impessoalidade, a fim de que sejam preservados seus objetivos precípuos de divulgação e informação ao público. O Vereador Isaac Ainhorn manifestou-se acerca dos rumos que vêm tomando o movimento dos soldados da Brigada Militar, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>em busca de melhores salários e condições de trabalho. Ainda, denunciou a situação de abandono em que se encontram diversos monumentos históricos da Cidade, em especial àquele dedicado a Francisco de Paula Brochado da Rocha, localizado próximo à Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. O Vereador Luiz Braz, reportando-se ao discurso do Vereador Gerson Almeida, teceu considerações sobre a quantidade de recursos gastos com propaganda institucional pelo Governo Estadual, traçando um paralelo com as despesas efetuadas pelo Executivo Municipal na mesma área. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Anamaria Negroni teceu críticas aos comerciais de televisão patrocinados pelo Partido dos Trabalhadores, onde a narração é feita por uma criança. Ainda, perquiriu acerca da legalidade da referida propaganda, e solicitou a oitiva da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos acerca do assunto. O Vereador Gerson Almeida discorreu sobre a proposta do Governo Federal em prorrogar a vigência do Fundo de Estabilização Fiscal - FEF, analisando os possíveis reflexos desta medida na arrecadação e nas finanças dos Municípios e Estados brasileiros. O Vereador João Dib manifestou-se acerca dos vários fundos financeiros instituídos pelo Município, destinados a beneficiar diversos órgãos da administração indireta. Também, referiu-se à apresentação, pelo Executivo Municipal, do projeto referente ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, no mês de setembro de mil novecentos e noventa e seis. Às onze horas e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Adeli Sell, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz):  Há quórum. Passamos à

 

 

ORDEM    DO   DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2208/97 - PROJETO DE DECRETO DO LEGISLATIVO 011/97, de autoria da Comissão Representativa, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País a partir das 08 horas do dia 21 de julho de 1997, retornando no final do dia 27 de julho de 1997.

 

Parecer:

- da 1a. Comissão Representativa. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão.  (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Projeto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1997/97 - INDICAÇÃO 076/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através do órgão competente, o conserto do muro da Escola Estadual de 1º Grau Prof. Oscar Pereira.

 

Parecer: 

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. Gerson Almeida: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Ontem analisávamos esse caso da Escola Oscar Pereira, que já está sendo motivo de terceira Indicação. Parece-me que seria importante  que essas Indicações contivessem as coisas em uma só, porque, além de burocratizar, chega no Estado um pedido para consertar um muro, outro de limpeza nas salas e outro de aumento da escola. Estou trazendo a minha preocupação, com todo o respeito,  porque envolve muita gente. É apenas uma orientação, só para quem é novo na Casa. É uma questão de experiência.

Em discussão. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.  Na verdade, não desejo discutir o mérito da proposição do eminente Ver. Carlos Garcia. Acho que essas coisas fazem parte das atividades de um Vereador que cuida dos problemas de sua  cidade. Mas é importante a colocação do Presidente. Que fique ressaltada,  nos Anais da Casa, a preocupação do Presidente de que a força, a validade desse instrumento, que é a Indicação ao Governador do Estado, não se perca porque, no momento em que para a mesma escola, através de um mesmo Vereador, se fazem três ou quatro proposições, aqueles que as recebem e analisam podem não dar a verdadeira força que deve ser dada à Indicação. Portanto, é bom que se registre que haja muito mais cuidado de parte da Casa para que não se perca a validade de um instrumento que ainda é muito importante.

Vou votar favoravelmente,  como sei que todos votarão, mas gizaria, como diria um bom professor, a necessidade de mais cuidado nas Indicações feitas. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo outros Vereadores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação a Indicação 076/97. (Pausa.) Os Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

A Mesa está consultando a Assessoria sobre a possibilidade de colocar em votação, ainda hoje, a segunda licença solicitada, mas isso depende da montagem do processo.  A sugestão é que pudéssemos entrar no período das Comunicações e reservar o espaço para voltarmos à Ordem do Dia.

A Mesa recebe uma Moção de Solidariedade, de autoria do Ver. João Dib - Requerimento 165/97 -, ao Secretário de Estado da Cultura, Dr. Nelson Boeira, pela edição do Calendário Cultural em excelente apresentação no Theatro São Pedro, na data de 16 de julho, formulando votos de pleno sucesso.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A Mesa faz questão de informar a este Plenário e à Casa que recebeu uma carta do Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder do PSDB, em que lamentava o fato de ter sido riscado um pequeno painel na sala do PSDB. Temos tido um zelo total em relação a isso, com qualquer partido, mas, como ele diz que foi feito pelo PT, nós fizemos uma breve correspondência dizendo que se torna difícil responsabilizar alguém quando não existem provas. Porém, nós estaremos prontamente não só limpando o local, e não é só uma questão de limpeza, mas trocando aquele documento de identificação. Fiz questão de fazer essa colocação porque têm ocorrido alguns vandalismos, o que não podemos tolerar. A questão não é falar no que o Ver. Antonio poderia ter imaginado. Esses dias,  numa reunião de Mesa, o Ver. Reginaldo Pujol fez uma série de colocações que são absolutamente preocupantes com relação ao mau uso - frases escritas, coisas assim,  verdadeiras destruições - dos nossos banheiros. Mandamos fazer uma reforma geral dos banheiros. Esperamos começar a criar uma cultura de conservação.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA:  Se foi por escrito que o Ver. Antonio fez essas considerações, consulto  V. Exa. se  poderíamos ter uma cópia  e se há prova de que esses riscos foram feitos por alguém do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE: Justamente, a Mesa está tentando mostrar que essas coisas são realmente difíceis.  Ele faz alusão ao dia em que o PT esteve fazendo uma convenção aqui. Isso pode ter sido uma coincidência. Nós estamos querendo dizer que esta Mesa -  o Presidente e os componentes - não vai tolerar que se façam essas coisas.  Nós respondemos - vamos passar uma cópia ao Ver. Guilherme - de uma forma a não aceitar um prejulgamento.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente, V. Exa. falou em fazer a recuperação das portas dos banheiros,  porque a coisa realmente é terrível, é vergonhosa, inclusive as fechaduras são retiradas com a maior tranqüilidade. Não sei por que esse espírito de destruição.  Mas a Câmara e os Vereadores, especialmente, recebem tantos cartazes coloridos, que, se afixados nas portas dos banheiros, distrairiam a atenção dos predadores.  Acho que é uma idéia,  depois de recuperados os banheiros,  colocar esses cartazes coloridos, que poderiam ser substituídos.  Eles riscariam os cartazes, mas não riscariam a porta.

 

O SR. PRESIDENTE: Realmente, mandamos consertar cada vez. Por exemplo,  lá na frente, no Largo Valneri Antunes, no acesso da Câmara,  havia várias  pichações feitas pelos grafiteiros,  e nós já estamos com a tinta e o pincel.  A cada momento que pintarem,  nós vamos repintar, até que o pessoal desista. Isso  já aconteceu com as obras de arte do Município, quando as pessoas passaram a respeitá-las na medida em que insistentemente foram repintadas.

 Com a palavra, o Sr. Secretário para a leitura de outra Moção.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.) “Moção de Solidariedade aos trabalhadores na segurança pública do Rio Grande do Sul, que anseiam por melhores condições de trabalho e por uma remuneração condigna à sua atividade.” Requerimento 164/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. Para encaminhar, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nobre Ver. Gerson Almeida da Silva está realmente inspirado no dia de hoje e tem todo o meu apoio. A sugestão de S. Exa.,  Vereador e  Líder do Partido dos Trabalhadores,  é extraordinária. Claro que deve ser analisada à luz, à evidência dos fatos, e vejo um Estado com imensas dificuldades, e dificuldades de caixa. O mesmo fato não vejo na Prefeitura do Sr. Raul Pont. Eu gostaria de ver essa mesma solidariedade do Partido dos Trabalhadores para com os servidores municipais, que também ganham muito pouco, com uma Prefeitura que tem muito dinheiro e tem superávit, diferente de um Estado que está comprometido em suas finanças. Basta ver o ICMS, que decresce, ao contrário do que vinha acontecendo. Mas,  na Prefeitura,  o crescimento da receita é permanente. Discute-se o valor do índice do crescimento da receita. O Secretário da Fazenda diz que não são 8% ao ano, são 6%.  Mas é maior que o PIB, e os funcionários não têm crescimento real em seus salários, como aconteceu em maio de 1991 e foi repetido em maio de 1995.

Então, cumprimento o eminente, nobre e inteligente Ver. Gerson Almeida, que, sentado no meu lugar, talvez se inspire e faça aos municipários a mesma solidariedade, àqueles que a merecem, na verdade, talvez fazendo com que as arrecadações no Estado cresçam à semelhança do que ocorre na Prefeitura. Eu gostaria de ouvir o brilhantismo de sempre, a palavra do nobre Vereador, mas estou encaminhando, não posso dar o aparte. Mas tenho convicção plena de que agora, quando a Comissão que tratou do dissídio dos municipários trouxer a esse Plenário o seu relatório, terá na pessoa do Líder do Partido dos Trabalhadores um grande e eficiente defensor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida,  para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fiz questão -  quero deixar claro -  de ser o mais breve, genérico e lacônico possível nessa Moção de Solidariedade, que apresento à Câmara de Vereadores,  aos trabalhadores da segurança pública do Estado do Rio Grande do Sul. Eu fiz isso não por falta do que dizer, por não ter uma opinião particular sobre toda essa situação que aflige todos os servidores públicos em todas as áreas e em todas as frentes, mas porque, a despeito de todas as posições políticas e diferenças que temos, claramente demonstradas pelo Governo Estadual e suas políticas, entendo que a questão que diz respeito à segurança pública é por demais delicada para que nós, de uma forma rápida, a tratemos como um simples caso de governo. Eu digo isso com toda a tranqüilidade, apesar de ter muita convicção de que os governos não são responsáveis por todos os problemas, mas eles são responsáveis pela ausência ou construção de políticas que possam, a médio ou longo prazo, vir a diminuir as grandes dificuldades e mazelas que vive o Estado hoje em todas as suas esferas, municipal ou federal.

O caro Ver. João Dib, inclusive, tem dito sistematicamente que Porto Alegre é uma cidade rica, enquanto o Estado é pobre.  Agora,  ele, como profundo conhecedor da Cidade, sabe também que Porto Alegre, hoje, se tem uma situação financeira pelo menos estável - porque não é boa, é estável, como é estável toda economia e toda relação do Estado num país -, não foi fruto do acaso, não foi porque Porto Alegre seja diferente, por exemplo, de outras cidades que estão devendo três, quatro, cinco meses de salários para os seus trabalhadores, como é o caso da Prefeitura de Viamão e Alvorada no início do ano. É porque há uma forma de política que permite que as finanças públicas sejam tratadas com equilíbrio,  com parcimônia e distribuição para todos os agentes que disputam verbas públicas de uma forma adequada. Eu quero dizer que fui lacônico, breve e genérico nessa Moção porque entendo que, quando os movimentos de luta por melhores condições de trabalho, quando os movimentos, inclusive de discutir greves, chegam ao braço armado do Estado, a situação é bastante crítica,  Ver. Cyro Martini, que conhece bem esse tema.

Parece-me, então, que nós, como homens públicos, temos que estabelecer fortemente uma solidariedade, apesar de o Ver. João Antônio Dib não estar me escutando. (Aparte anti-regimental do Ver. João Dib.)  V. Exa. tratou de uma forma, a meu juízo, marota a questão, esperta. Esperta no sentido político do termo, porque quis fazer o contraponto: “vamos apoiar a segurança pública, mas vou, depois, pegar o apoio do Ver. Gerson Almeida para os municipários”. V. Exa.  não precisa apoiar essa Moção para pegar o meu apoio a melhores condições de vida para os municipários, porque melhorar as condições de vida dos municipários e a relação séria de trabalho é o que nós temos feito há oito ou nove anos, com todas as limitações reais - agora, limitações que o Ver. João Antônio Dib vê em magnitude no Estado. Agora, quando trata da questão municipal, essas dificuldades conjunturais da economia,  ele considera que não, que é rica. Ele resolve com essa situação. Parece-me que ele, inclusive, tem criticado alguns deputados do seu partido,  em  nível estadual, que têm tido uma postura autônoma a um governo excludente. Parece-me que deveria, também, mesmo que com uma lente de diminuição da realidade, observar que também em Porto Alegre há dificuldades, as mesmas que se têm em nível estadual, mas com tratamento radicalmente diferente, para melhor. E queremos fazer para melhor ainda mais.

Por isso peço apoio de todos a essa Moção, que foi  levada com seriedade, e se não dermos uma válvula de escape às angústias do braço armado do Estado, poderemos ter situações trágicas em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, como ocorreram em outros lugares, pela intransigência e negativa de tratar com a responsabilidade que esse tipo de situação exige. Muito obrigado.

                     

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento solicitando Moção de Solidariedade, do Ver. Gerson Almeida. Os Vereadores que estiverem de acordo permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL  E VOTAÇÃO

 

PROC. 2228/97 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO 12/97, de autoria da Comissão Representativa, que autoriza o Vice-Prefeito Municipal a afastar-se do País no período das 20h15min do dia 20.07.97, às 11h15min do dia 31.07.97.

 

Parecer:

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. João Dib: pela aprovação

                                 

O SR. PRESIDENTE: Em Nova Iorque, o Vice-Prefeito representará o Sr. Prefeito Raul Pont na Conferência Internacional sobre Governabilidade para o Crescimento Sustentável e Equilibrado e no Programa de  Gestão Urbana, a convite da Oficina Regional para a América Latina e Caribe, Nações Unidas, sem ônus para esta Prefeitura. O ofício é dirigido a esta Casa e é assinado pelo Sr. Prefeito Raul Pont.  Tivemos a pronta colaboração dos Srs. Vereadores e, em especial, do Relator-Geral, Ver. João Dib, que deu parecer favorável.

Em discussão. (Pausa.) Não havendo quem queria discutir, em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que estiverem de acordo permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. Adeli Sell.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu trago ao conhecimento de V. Exas. uma situação que é bastante preocupante no sistema financeiro do nosso Estado, do nosso País.

Eu tenho levantado essa questão com uma certa sistematicidade e, a cada dia que passa, preocupo-me mais. Inclusive, chamo a atenção de V. Exas. para o fato de que, na semana passada, a revista “Carta Capital” trouxe um apanhado completo sobre a situação dos bancos no nosso País. Creio ser um  material de importante leitura e reflexão, porque, amanhã, nós podemos estar na situação da Argentina, na qual a maioria dos bancos está na mão do capital financeiro internacional, e a minha preocupação, hoje, se dá em relação ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul, o nosso Banrisul.

Vou ler uma carta que recebi de Ângela Márcia de Freitas, que é psicóloga e socióloga - com endereço e tudo na carta -, que ela enviou ao Setor de Ouvidoria do Banrisul, aos cuidados do Dr. Fernando Ramos, responsável para dar resposta a essa situação. Leio a sua carta:

“Através desta carta, passo a registrar o que há muito tempo venho observando e, principalmente, vivenciando quando utilizo os serviços bancários do Banrisul. No dia 14 de julho de 1997, chego à Agência São José, aproximadamente às 11h 25min, estando uma fila com vários correntistas aguardando a sua vez. O número de caixas prestando atendimento eram dois para pagamentos gerais e um caixa para cheque-expresso. Às 12h20min, a fila já acumulava o número de 39 pessoas, e um caixa fecha seu atendimento, ficando para apenas um caixa atender essas 39 pessoas, mais as que chegavam constantemente. Neste mesmo instante, abre mais um caixa, o qual atende os clientes do cheque-expresso, que, em fila, somavam oito pessoas. A partir desse momento, foi mantido apenas um caixa para a fila maior, que às 12h35min acumulava 51 pessoas. Às 12h35min sai o caixa do atendimento do cheque-expresso.

Minha saída do Banco do Estado do Rio Grande do Sul foi às 12h43min. Diante desse fato gostaria de ponderar as seguintes questões: primeiro, apenas essa  situação, a qual se repete diariamente, eu classifico como humilhação pública, pois ficou visível que o sistema de atendimento desse banco proporciona a seus clientes um tempo de espera enorme, em detrimento do rodízio de almoço dos bancários, o que pode, com o mínimo de inteligência e negociação, ser resolvido. Quero dizer, com isso, que não somente os clientes, mas também a funcionária que fica segurando sozinha uma fila é humilhada e pessimamente considerada como trabalhadora.

Segundo, através desse tipo de atendimento é visível a consagração de um poder hegemônico, onde o povo é apenas instrumento de ascensão da idéia de que privatizar será a solução. Em claras palavras, situações como essa são mantidas para que o povo gaúcho absorva e aceite a privatização como solução. Isto é usar a população através da humilhação para interesses privados. Terceiro, um banco que assume o recebimento de diversos encargos sociais, antes de qualquer coisa, tem que ter em sua estrutura um compromisso com todo um Estado, embora ainda que não seja um Estado de todos. E, fundamentalmente, o compromisso de não fazer propagandas enganosas, as quais enfatizam qualidade e sorriso no atendimento. Como alguém poderá sorrir no trabalho se ficar sozinho com uma fila de 52 pessoas no horário do almoço? Qualidade é ver idosos numa fila que não anda? É subjugar uma clientela como os mais pacientes dos pacientes?

Não vejo como solução mudar de banco, pois sair de campo sempre que ficarmos descontentes é voltar à Era Vargas. Penso que o mais importante dos caminhos é dar seriedade a tudo o que realizamos, o que o sistema Banrisul ainda, aos meus olhos, não conseguiu provar ao povo deste Estado, e talvez nem consiga se continuar mantendo a sua política de interesse acima da dignidade e respeitabilidade de várias gerações que não vão ao banco para pedir esmolas, mas para pagar suas contas e também levar dinheiro ao sistema bancário estadual. Em toda essa história digo que  ninguém está de favores quando entra numa agência Banrisul: está, sim, usando de  pleno direito de um banco público.  Se não for dado como importante a clientela de pequenos correntistas, de poupadores, aposentados e pensionistas, para quem reservamos nosso respeito? Aos cofres privados, ao sistema bancário internacional, aos  sobreviventes desse desastre neoliberal? 

Aguardo resposta e a posição do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Informo, também, que esta carta foi  enviada aos seguintes locais: ao Ver. Adeli Sell, na Câmara de Vereadores, e Federação dos Empregados de Estabelecimentos Bancários do Rio Grande do Sul.”

Essa é uma situação complexa, difícil. Eu não poderia deixar de registrar na íntegra o que se passa no sistema financeiro estadual, que, com polpudas propagandas nas páginas dos nossos jornais, sistematicamente, mostra o Banrisul como o campeão  da qualidade total. Não é verdadeiro. Eu gostaria que fosse, porque sou defensor do sistema público bancário, do sistema financeiro público. Claro que não vejo nenhum problema com a parceria com a iniciativa privada.

Já disse isso claramente e volto a reprisar, mas todo sistema tem que ser, de fato, um sistema que respeite o público, o cliente, o usuário. Lastimavelmente, apesar de a maioria desta Casa ter uma posição favorável à manutenção da Caixa Econômica Estadual, ela não teve o mesmo tratamento na Assembléia Legislativa do Estado.

Isso me deixa muito indignado, muito preocupado. Sempre que possível levantarei a minha voz. Tenho certeza de que não será a única voz nesta Capital.

Finalmente, quero dizer que recebi do Assessor Especial do Gabinete do Prefeito, Sr. Paulo de Tarso Carneiro, uma correspondência acerca do Porto dos Casais. Vou tirar uma cópia e passar ao nobre colega Ver. João Dib, que aqui, neste Plenário, fez uma série de considerações sobre tão importante assunto, e, como se trata de vários tópicos, passarei por escrito ao Vereador.

Também ainda quero salientar, chamar a atenção desta Casa para que nos preocupemos com a situação de crise do nosso Estado, do nosso País. Eu fiz um levantamento no jornal “Zero Hora” de domingo sobre empréstimos pessoais. Tenho aqui e posso passar aos Senhores cinco páginas de anúncios de oferecimento de dinheiro fácil. Descobri que há grandes “maracutaias”. Desse assunto nós temos que tratar aqui nesta Casa, porque muita gente humilde está sendo enganada. Aqui há cobrança de juros extorsivos, aqui há usura. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para evitar essa usura apontada pelo nobre e eminente Ver. Adeli Sell, eu sugeriria  a S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal que pagasse aos servidores do Município o décimo terceiro salário - parte - no mês de julho.

Há alguns dias, eu trazia uma comunicação interna da Secretaria do Planejamento Municipal, que dizia: “Deu fudunço no Plano Diretor”. Eu não sabia o que significava essa palavra. Mas não era “fudunço”; é “furdunço”. Fui buscar no “Aurelião” o significado da palavra que é popularmente usada, principalmente no Nordeste e, agora, na novela da Globo, e fiquei sabendo que é “furdunço”.

Mas, antes de tudo, Sr. Presidente, eu devo dizer que, em setembro do ano passado, quando S. Exa. o Prefeito Tarso Fernando Herz Genro trazia a esta Casa o projeto Plano Diretor, eu fui criticado violentamente por dizer que, em 80 dias, nós não teríamos condições de fazer a sua análise.  Foi dito que trabalharíamos pela manhã, à tarde e à noite para analisá-lo. Hoje, eu tenho a plena convicção de que a manobra da entrega do projeto Plano Diretor a esta Casa foi uma manobra política. É o que diz a própria nota da Secretaria do Planejamento Municipal que já li e não vou ler de novo.

Mas “furdunço”, “furdunçar” é divertir-se com o alarido, promover furdunço e desordem. O que me leva a crer que o Plano Diretor, já dito aqui pelos técnicos da Secretaria de Planejamento, está na mais completa desordem. Estabelecida uma oficina para análise do Plano Diretor, os mesmos técnicos que o elaboraram pediram destaques a uma grande quantidade de artigos.

E há um documento, entregue ao Prefeito, assinado, nada menos, que pela Associação Rio-Grandense dos Escritórios de Engenharia; Instituto dos Arquitetos do Brasil; Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, CREA; Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul, SINDUSCON; Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul; Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul. Este documento, de que vou ler apenas parte, diz:

“O Plano Diretor é assunto muito sério. Estamos falando de qualidade de vida dos cidadãos, de aproveitamento da infra-estrutura da Cidade, de oferta de moradia a preços compatíveis e também de um desenvolvimento urbano planejado para Porto Alegre. É muito mais sério que vontades ou questões políticas.”

E, politicamente, ele foi entregue nos últimos dias de setembro, quando a eleição era em 3 de outubro.

“Em data de 22.04.1997 entregamos em suas mãos correspondência solicitando que os prazos fossem dilatados para que as entidades pudessem avaliar a proposta do Governo que, insistimos agora, não tem o nosso aval e nem a nossa concordância, tanto do ponto de vista da forma da sua construção, quanto do seu conteúdo.”

Este Vereador, em setembro do ano passado, estava certo: não tínhamos condições de analisar, nem os assessores que são postos à disposição desta Casa para discutir com a Secretaria do Planejamento. O projeto do Plano Diretor consegue ter aquele conteúdo, aquela densidade necessária para que a Cidade fique tranqüila quanto ao seu desenvolvimento, quanto ao seu crescimento, quanto à qualidade de vida dos seus habitantes.

O Plano Diretor, na expressão dos técnicos da Secretaria do Planejamento Municipal, deu em furdunço. E o Secretário do Planejamento pronunciou-se de uma forma não muito airosa em relação ao Instituto dos Arquitetos do Brasil e, depois, dizia que ficava preocupado, imaginando que a matéria publicada na Comunicação Interna fosse apenas interna, como se isso não fosse distribuído. Sou grato, Sr. Presidente, e a todos saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu faço esta Comunicação de Liderança para fazer um registro e uma crítica à forma  como o Governo do Estado vem-se utilizando das verbas públicas de publicidade para ofender a legislação vigente sobre o tema, que tem uma regra básica, que é a impessoalidade. O governante, hoje, não pode, sequer, colocar o seu nome nas placas que fazem referência a obras públicas; logo, se esse é um preceito constitucional - e o é -,  ele, nas propagandas de televisão e de rádio, não pode usar nos programas institucionais, importantes e necessários para divulgar, para explicar as questões fundamentais e importantes da ação pública do Estado e políticas públicas, como propaganda pessoal, particular e individual, iniciando muito cedo, inclusive, a campanha política aqui no Estado, como também estamos assistindo a campanha,  já aberta pelo Planalto,  para a sucessão da Presidência. O Presidente, pessoalmente, tem sido um dos articuladores e sujeito de políticas que constrangem o parlamento para garantir melhores condições para a sua própria reeleição.

Esta semana ouvimos nos noticiários que são os agentes, os braços do Presidente, em busca da reeleição, que querem, inclusive, diminuir o tempo de propaganda eleitoral gratuita, que é o instituto democrático fundamental para que as idéias sejam colocadas. Querem reduzir, claro, os partidos de oposição à minoria - devem ter a menor possibilidade possível de fazer as suas denúncias e desmascarar o que é dito como política oficial, enquanto o Governo tem toda a estrutura do Estado a seu favor.  Isso é um equívoco, isso é uma prática pré-republicana inclusive. Acho que não podemos concordar com isso. Aqui,  no Rio Grande do Sul,  o Governo Britto tem feito a mesma coisa. Assisti estarrecido, anteontem, a inúmeras inserções na televisão, à noite, em que o Governo, direto do exterior, dos Estados Unidos, onde estava, dizia, sobre empréstimos que estava trazendo... Cantava loas a isso, inclusive dando uma entrevista pessoal, coisa que fere, a meu juízo, fortemente, gravemente, o princípio da impessoalidade na propaganda e na publicidade. Tenho certeza de que terei também o apoio, nesta lógica,  do Ver. João Antônio Dib, um pertinaz fiscalizador da questão da propaganda no Município de Porto Alegre. Lembro que, na campanha passada para Prefeito, o  candidato Antônio Britto atacou durissimamente o Programa Cidade Viva,  da Administração Popular em Porto Alegre, que tem notada e claramente as características de divulgação, informação das ações do Poder Público Municipal, diferente do programa criado à imagem e semelhança do Cidade Viva - a idéia de criar, apenas, porque não copiou a questão fundamental, que é a de realmente ser uma demonstração de como a publicidade legal pode ser feita dentro dos princípios mais rigorosos da importância e informação pública. Ele copiou o programa, em nível estadual, da Frente Popular, mas não copiou o fundamental, que é a impessoalidade.

 Por isso quero dizer que estou estudando, estou falando com a direção estadual do Partido para que entremos com uma representação no Ministério Público para ver se realmente essa forma - a meu juízo, grosseira - de propaganda pessoal com dinheiro público está dentro dos marcos da legalidade ou não. Faço isso em nome da Bancada de Vereadores do Partido dos Trabalhadores. Quero, junto com a Bancada Estadual e a Executiva Nacional, questionar junto ao Ministério Público sobre a legalidade desse programa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Para uma Comunicação de Liderança, tem a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente em exercício dos trabalhos dessa reunião matutina da Comissão Representativa, Srs. Vereadores. Na realidade, gostaríamos também de falar de um fato que neste momento acontece na Cidade de Porto Alegre, em que as expectativas da Cidade, do Estado e do País convergem para as assembléias de mobilização dos cabos e soldados da Brigada Militar, que buscam, através da sua mobilização, o atendimento das suas reivindicações de ordem funcional e salarial. Preocupa muito essa situação, porque estamos sentindo uma grande insensibilidade por parte do Governo Estadual, que, numa reunião que terminou nessa madrugada, em contato com os dirigentes da categoria, não apresentou concretamente nenhuma alternativa em termos de algo que pudesse ser feito para que uma situação de confronto não fosse estabelecida. Estamos sinceramente preocupados com essa situação, porque são mobilizações de categorias, talvez as mais graves desde o início da década de 80, quando começou a se processar o restabelecimento da vida democrática em nosso País. Pela primeira vez, depois do Estado de exceção, dentro da legalidade democrática e da Constituição, preocupado com a situação, o próprio Comando Militar Sul começou a fazer algumas mobilizações de tropa no dia de ontem, na capital do Estado. Isso, sinceramente, nos preocupa, até porque quem conhece, quem leu ou viveu os fatos que antecederam  1964 têm consciência que eles foram agravados por situações de quebra de hierarquia nas áreas que respondiam pela segurança em nosso Estado e em nosso País. Isso é muito grave e temos que procurar realizar uma reflexão. Não poderia deixar de fazer essa manifestação.

Na metade do tempo que me resta, gostaria de trazer um assunto da Capital, um assunto da Cidade. Trata-se do abandono - não quero responsabilizar diretamente, neste momento, o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Hideraldo Caron, que já recebeu uma herança de algo que vem sendo deteriorado com o tempo; sei do esforço do Ver. Gerson Almeida, quando passou por aquela Secretaria -, mas o abandono dos  monumentos da Cidade é algo que deve nos preocupar, até porque somos uníssonos nisso. Temos consciência da importância que representam os monumentos, as efígies, as pedras, os bronzes, que, de uma certa maneira, retratam a história e a vida dos nossos vultos, das nossas figuras e dos personagens da nossa história.

Então, esses fatos merecem a nossa preocupação. Há alguns monumentos que estão em estado de completo abandono. Eu tenho confiança e tenho consciência de que, com esse sentimento transmitido a esta Casa, a homens responsáveis pelo destino da Cidade, que é a composição deste Poder Legislativo, nós possamos fazer algo para solucionar. Cito o exemplo de um monumento que é muito bonito, expressivo e que ensejou o encaminhamento de um Pedido de Providências desse Vereador, que é o monumento em homenagem ao grande homem público, gaúcho, brasileiro, Francisco de Paula Brochado da Rocha, localizado em frente à Reitoria da Universidade Federal. O monumento está degradado. Porque temos alguns casos de patrimônio público que são objeto de vandalismo e, sobretudo, de grafiteiros. Nem a nossa Câmara Municipal aqui, na sua parte fronteira, passa livre dessa situação. Temos consciência disso. Mas aquele monumento encontra-se há muitos anos em estado deplorável. As suas pedras de mármore, a sua placa com a manifestação, com a biografia de Francisco Brochado da Rocha, que ali se encontrava de forma resumida, foi retirada. As pedras caíram, a sua cabeça em bronze está totalmente pintada em obra dos grafiteiros.

Deixo aqui esse registro de que a SMAM - vou transmitir, inclusive, essa minha preocupação ao Secretário Caron - faça uma relação dos monumentos que estão mais degradados. Agora, em relação a esse, especificamente, de Francisco Brochado da Rocha, que há alguns dias comemoramos 35 anos de quando assumiu o primeiro Ministério, em 1962, gostaria de providências no sentido de que se usasse a rubrica que tem dentro dessa área da SMAM para que pudéssemos restabelecer aquele importante monumento da Cidade, aquela obra artística do artista plástico Vasco Prado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito embora não fazendo parte da Comissão Representativa, hoje, se tivesse direito ao voto aqui, nesta Comissão, e não o tenho, teria apoiado por duas vezes o Líder da Bancada do PT, Ver. Gerson Almeida. A única coisa em que o Ver. Gerson Almeida, na minha opinião, peca em sua argumentação é que ele faz um ataque ao Governo do Estado com relação à quantidade de recursos gastos em publicidade e propaganda e como é usado esse dinheiro para publicidade e propaganda, mas ele não faz nenhum tipo de referência aos gastos que são efetuados aqui, dentro do Município de Porto Alegre, dentro desse mesmo item.

O ano passado, Ver. Gerson Almeida, a mesma indignação que toma conta de V. Exa., e que também não deixa de tomar conta deste Vereador e de outros cidadãos desta Cidade com relação aos gastos com publicidade nas várias esferas, tanto estadual quanto federal, tomou conta deste Vereador quanto ao modo com que o dinheiro público estava sendo utilizado para difundir a tal Administração Popular, colocando na boca de algumas pessoas vinculadas a um pseudomovimento popular frases que apenas elevavam loas à tal Administração Popular, dizendo “se esta Administração não estivesse aí, coitada da Cidade”. Mais ou menos alguma coisa assim. Iniciando este ano, nós tivemos, inclusive, uma senhora que, depois, fomos descobrir que não era a própria, mas ela estava, sim, apenas cedendo o seu nome para uma artista que estava fazendo a interpretação da sua vontade - Dona Geni. Não sei se era vontade. Está certo, Ver. João Dib. Mas, numa possível vontade desta senhora e, também, com o dinheiro público, dizendo algumas coisas que eram absurdas e completamente irreais, como, por exemplo, Ver. Gerson Almeida -  o Ver. João Dib trata desta matéria; agora, já tive oportunidade de comparecer a uma das reuniões -, quando ela fala sobre as belezas do Mercado Público. Quando nós vamos ver no que se transformou o Mercado Público e a vida daquelas pessoas que dependem do Mercado Público, nós vamos ver que, realmente, não é tão beleza assim. Isso não é divulgado. O inferno por que passam aquelas pessoas não tem divulgação e, com o dinheiro público, nós transmitimos para o restante da sociedade que tudo no Mercado Público está às mil maravilhas; nós transmitimos, com o dinheiro público, que a população de Porto Alegre, hoje, tem um atendimento médico personalizado, que o médico vai na casa das pessoas para atendê-las. Isso foi divulgado com dinheiro público e isso causou indignação neste Vereador, e, eu tenho certeza, em todas as pessoas coerentes dessa Cidade também houve indignação.

Eu só espero, Ver. Gerson Almeida, que agora, numa proposta que nós estamos votando, tentando reduzir as aplicações dos recursos nesse campo de publicidade a 0,35%, que é uma proposta do Ver. João Dib, que nesta proposta, realmente, V. Exa. possa apoiar essa idéia, que não é minha, que é do Ver. João Dib, para que possamos, em reduzindo os recursos aqui, em Porto Alegre, ter moral o suficiente para virmos em qualquer tribuna  e também pregarmos contra os recursos que estão sendo gastos pelo Governo do Estado  e pelo Governo Federal. Por enquanto, está tudo no mesmo saco. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ocupo a tribuna mais uma vez para continuar comentando a propaganda que o PT está veiculando nas televisões  de todo o Brasil.  Agora, depois da tentativa de provar que o Presidente de honra do Partido, o Sr. Lula, é um injustiçado, atingido por críticas mentirosas, inclusive por parte de um companheiro seu, fundador do PT, volta-se o autodenominado partido como mais sério e honesto do Brasil contra tudo que diz respeito ao Governo Federal. O Presidente Fernando Henrique Cardoso, na visão furiosa dos petistas, é o responsável por todos os males e problemas que o Brasil enfrenta. Não há nada de ruim ou errado que aconteça em nosso território que não seja por culpa do Presidente, a não ser, é claro, nos poucos Municípios em que o PT governa. Afora isso, tudo de errado é por culpa do Governo Federal. O que está certo é fruto da maneira petista de governar.

Mas a atual campanha do PT, que somos obrigados a assistir na TV, tem um ingrediente altamente preocupante para todos nós. Refiro-me à utilização da voz de uma criança, uma criança que narra a pregação petista sobre desenhos infantis. Logo quem, Sr. Presidente, se utilizando do trabalho infantil para promover fúria contra o Governo! Quantas vezes, aqui mesmo, nesta Casa, ouvimos inflamados discursos contra aqueles que se utilizam de crianças para usufruir de algum tipo de benefício e que são tachados de exploradores, de criminosos e não sei do que mais? Há parlamentares, inclusive, presidindo comissões, participando de campanhas nacionais contra a exploração do menor, movimento que, por sinal, tem o apoio total da Bancada do PSDB, desde que, é evidente, seja sério. O que não conseguimos entender e concordar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com a hipocrisia de se pregar uma coisa e se fazer outra. Ou se defende a criança para solucionar o problema nacional ou se assume definitivamente. O que é crime para os outros, é crime para nós também. Que se defenda o menor, mas que não se utilize o menor, principalmente naquilo que ele conserva de mais puro, ou seja, a sua mente. Isso é uma lavagem cerebral. Utilizar a voz de uma criança e também desenhos infantis para tentar convencer o Brasil inteiro de que só existe um partido que trabalha e faz coisas certas chega a ser indigno, nojento, por parte de quem vive pregando a moral e os bons costumes.  Ou será que o trabalho daquela criança no comercial do PT é diferente? “Certamente” - dirão os companheiros do Sr. Lula. Tudo foi feito dentro da mais rigorosa legalidade e devem achar corretíssimo utilizar a voz de uma criança, de um inocente para atingir a ingenuidade das outras, para tentar convencer a todos que o culpado pelo sarampo que atinge nossas crianças e pela morte de pessoas durante a hemodiálise é culpa exclusiva do Presidente da República.

Seria o mesmo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que afirmar que a morte do índio queimado vivo por menores em Brasília é culpa do Governador do Distrito Federal, Cristóvam Buarque, do Partido dos Trabalhadores. E isso não é real. Ou, então, que as mortes dos acidentados no HPS é culpa do nosso Prefeito Raul Pont - o RP, para estar enquadrada dentro de uma prática de seus companheiros de Partido; porém dissemos Raul Pont, nosso Prefeito Municipal.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, diferentemente do que acontece no resto do Brasil, vivemos às mil maravilhas. Afinal, aqui somos governados pelo inatacável, angelical e todo puro Partido dos Trabalhadores. Partido dos Trabalhadores, o baluarte da decência, da honestidade. Segundo eles, é esta a verdade - o Brasil dividido entre o PT e o resto.

Ao encerrar, gostaria de saber quem é e que tipo de remuneração recebeu aquela criança, aquele menor, aquele inocente que trabalhou para a propaganda do PT. Ou será necessário recorrer ao Estatuto da Criança e do Adolescente para enquadrar o Partido dos Trabalhadores? Inclusive, gostaríamos também de ouvir, neste Plenário, a posição da Vera. Maria do Rosário, Presidente da Comissão que tanto combate a exploração do trabalho infantil.  Muito obrigada.

 

 (Não revisto pela oradora.)               

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra. Ausente. O Ver.  Clovis  Ilgenfritz está com a palavra. Ausente. O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Desiste. O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Ausente. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero hoje tratar de uma questão que tem ultimamente sido objeto de debate  público, particularmente em torno da prorrogação ou não do Fundo de Estabilização Fiscal, que foi antes um fundo de emergência. Ontem, acabou sendo aprovado pela Câmara Federal. Lamentavelmente, diz o Ver. João Dib,  e concordo plenamente com isso.  O Governo fez inúmeras medidas para fazer passar aquela proposta, inclusive prometendo empréstimo aos Municípios para compensar parte daquilo que estava lhes retirando. Vejam que contra-senso!  Os Prefeitos do País inteiro, do Estado do Rio Grande do Sul especialmente, que se mobilizaram, e muito, quanto a isso não estavam pedindo empréstimo, não queriam ficar batendo de porta em porta mendigando aquilo que lhes é de direito - e, assim mesmo, uma parte daquilo que lhes é de direito.  Parece-me que é mais uma forma  de pessoalizar a distribuição de verbas públicas. No momento em que o Governo tira dos Municípios um montante de recursos e promete como forma de ressarci-los um empréstimo que não tem critério, que não tem universalidade e que não tem garantia de quem vai receber, transforma mais uma vez os prefeitos em mendicantes e discrimina a obtenção de verbas, que Município vai ter verbas e qual o que não terá.  Vejam que a política equivocada de incentivos fiscais empobrece o País e o Rio Grande do Sul.

Temos o FUNDOPEM, que são subsídios para empresas em geral; temos o PROPLAST, subsídios para empresas do setor químico e petroquímico - via de regra são grandes empresas, porque não há pequena empresa nesse setor; o  PROIMERG, que é para energia elétrica; o PROINCI, que é para fabricantes de cigarros - vejam: a população do Rio Grande do Sul subsidia a fabricação de cigarros -; e o PRIN, que é o Programa de Recuperação Industrial.

Vejam a evolução. Eu vou-me valer de dados do boletim da própria Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul. O PIB do Rio Grande do Sul, nos anos de 1995 e 96, foi negativo: em 1995, -0,6; em 96, -0,1. No entanto, o ICMS cresceu  5,3% num ano e 2, 94% no outro. O que eu quero demonstrar com isso? Eu quero demonstrar que não há uma simetria absoluta entre os dois índices, que são, basicamente, tidos como representantes ou expressão do crescimento econômico. Enquanto o PIB diminuiu em 1995/ 96, o ICMS cresceu. Vejam que há uma dissimetria entre esses dois índices, ou seja, a evolução do ICMS não é tão-somente uma derivação automática do crescimento econômico, porque há a ação do sujeito-Estado na arrecadação do ICMS, no controle dos mecanismos estatais, no cumprimento da legalidade, na não-ampliação dos subsídios e assim por diante.

 O Ver. Dib, inclusive, me dizia: “Olha, uma campanha que estimulasse os servidores públicos a controlar, pegar nota, já teria um resultado imediato muito forte”. Eu concordo com ele, mas nessa relação são necessários a vontade coletiva da sociedade em conferir aquilo que, em última instância, lhe é roubado quando não é pago o ICMS - é roubado do conjunto da sociedade - e, também, os mecanismos próprios e intransferíveis do próprio Estado.

Quero colocar mais um dado: apesar das campanhas de publicidade - vejam como a publicidade por si só não é suficiente - para arrecadação do ICMS pelo comércio varejista, o ICMS desse setor tem caído 1,9% ao ano. Então, é preciso, também, um elemento que é imaterial para que as pessoas se motivem para qualquer coisa: a credibilidade. É preciso crer que aquele ato que indispõe o cidadão com o comerciante, com o dono de loja, ou coisa do gênero, vai servir, efetivamente, para melhorar a qualidade de vida dessa pessoa; caso contrário, ninguém faz isso. Se oferecerem um produto com 5% a menos se não pedir nota, as pessoas aceitam, porque é melhor ganhar 5% de um imposto que eles não sabem se vai ser traduzido em obras públicas ou se vai  subsidiar grandes multinacionais como a General Motors. E ninguém está disposto a tirar dos seus parcos recursos dinheiro para uma grande multinacional, que - leio no jornal de hoje - ganhou muito dinheiro no ano passado.

 No entanto, o desempenho do ICMS em 1996 foi, no comércio atacadista, menos 22,5% em relação ao ano anterior e, no varejista, menos 1,9%. E a participação desses dois setores no ICMS geral do Estado é 27,7%. Vejam como isso ataca diretamente o conjunto da arrecadação.

 No ano de 1996, os subsetores com melhor desempenho foram: combustíveis, energia elétrica, serviços de comunicação. E o pior desempenho foi: indústria de bebidas, veículos e acessórios.

 Vejam: veículos e acessórios, exatamente o centro da política industrial do Governo Estadual, é o setor com menor desempenho em arrecadação de ICMS. Inclusive, agora vai ser ampliado com o subsídio de décadas para a instalação da General Motors e outras empresas.  O subsetor de veículos, peças, acessórios, carnes, e aí por diante, tem diminuído a sua presença no ICMS.

 Outra questão é a participação anual do ICMS nos principais Estados do Brasil.  Ela tem caído sistematicamente. Em 1994,  no Rio Grande do Sul, era 8,29%; em 1995, era 7,43%; e em 1996, era 7,2%. Isto é preocupante de forma muito grave.

 Não vou aqui dar mais dados. Os dados são inúmeros ao analisar este boletim do próprio Governo do Estado. Mas vou dar mais um - do ICMS e os maiores Municípios arrecadadores: a participação de Porto Alegre é 38,39%, tendo 12,33% apenas de retorno; contribui com quase 40% e recebe um pouco mais do que 12%, enquanto Triunfo, por exemplo, entra com 1,3% do ICMS total e retorna 2,4%.

 A política tributária do Estado é uma das principais responsáveis pela ausência do Estado em setores fundamentais do serviço público como saúde, educação,  segurança pública,  habitação popular, onde não fez uma única casa, uma única moradia. Não fez! Essa ausência do Estado tem causas externas ao Estado do Rio Grande do Sul, é verdade, causas essas que estão na política macroeconômica do País, na conjuntura internacional, não há dúvida disso. No entanto, a subordinação servil do Governo do Estado a todos os ditames do Governo Federal agrava a situação do Rio Grande do Sul. Vejam que na questão do FEF foram os Municípios que lutaram contra essa fúria de retirada de recursos dos Municípios. O Governo do Estado, que perde 2,8 bilhões, não fez nada. Nada! O Governo do Estado calou-se. O Governo do Estado omitiu-se. O Governo do Estado é servil e isso tem feito com que o Rio Grande do Sul perca cada vez mais e faz com que policiais militares, pela primeira vez na sua história, tenham que ir para a greve e à luta. Quando o braço armado do Estado vai para a luta, nós sabemos em que situação miserável estão os demais segmentos. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão inscritos os Vereadores Guilherme Barbosa e Isaac Ainhorn, que estão ausentes. O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nobre e eminente Líder do Partido dos Trabalhadores, Ver. Gerson Almeida, falou dos fundos do Governo do Estado.

Eu gostaria de falar dos fundos da Prefeitura, que não são oficiais, mas são utilizados. Por exemplo: “o pró-shopping” - pois está aí o Shopping Cristal, no papel, que é o “shopping-papel”, com uma série de concessões. E o “pró-guecai”, aquele horroroso fundo que resolveu o problema da empresa Guerino e da Caixa  Econômica Federal  e infelicitou a população que está no Conjunto Leopoldina pagando o dobro?  E o “pró-mot”, aquele que o Departamento de Limpeza Urbana, por seu Diretor,  três dias antes de terminar a Administração contratou com a FUNDATEC por 336 milhões de cruzeiros - o estudo do motor de explosão? Acho que o motor explodiu. A pressa era tanta, porque faltavam  três dias para terminar a administração dos dois,  do Olívio Dutra e do Campani, que, em vez de pagar para a FUNDATEC, com quem contratam, pagam para a CIENTEC no dia seguinte, no dia 29 de dezembro.  E o “pró-in”, aquele do incinerador  do lixo, que o sujeito era assessor do Departamento de Limpeza Urbana, vinculado ao PT, produtor do incinerador  lá em São Paulo, recebeu o dinheiro e nada,  até hoje não chegou? Esses fundos  são mais obscuros do que aqueles fundos instituídos por lei.

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Ver. João Dib, serei breve, até porque há bastante tempo para V. Exa.  contestar. Hoje é a segunda vez que uso a tribuna e  V. Exa. também. Acho que V. Exa. tem tratado com forte verve cômica algumas coisas que, a meu juízo... eu, pelo menos, coloquei em fundos legais constituídos para financiar empresas e derivei daí uma série de questões. V. Exa. está, inclusive, levantando questões que já foram objeto até de CPI. Acho que V. Exa. está-se rebelando sistematicamente contra denúncias políticas que já foram sobejamente questionadas.  V. Exa. pode até ter um dado novo, mas gostaria, para preservar a ação que a Casa faz, que nós, no caso do incinerador e outros, tivéssemos levado em conta isso, inclusive na questão do Shopping Cristal, que foi um amplo debate, discutido e analisado, e não há nenhuma transferência de recursos públicos ou  renúncia fiscal do Município. Não há um nexo entre o que eu disse e o que V. Exa. está colocando. V. Exa.  tem todo o direito de colocar outra questão, mas,  por favor,  não se assente no meu pronunciamento para fazer isso. Não há nexo entre a renúncia fiscal e  a entrega de dinheiro público para empresas privadas com as questões que V. Exa., hábil e inteligentemente, como sói acontecer, está fazendo.  Obrigado.  

 

O SR. JOÃO DIB:  Nobre Ver. Gerson Almeida,  como só poderia acontecer, o aparte de V. Exa. enriquece o meu pronunciamento. Na realidade,  V. Exa. diz  “fundos instituídos legalmente”. Mas o “pró-shopping” - eu falei no Shopping Cristal - não é legal, é informal. Assim como a Prefeitura deixa os camelôs tomarem conta da Cidade, é um comércio informal. Eu falei no Shopping do Cristal.  Mas e aquele da 24 de Outubro, em que venderam a tranqüilidade da população para o Supermercado Real fazer um “shopping” em troca da pavimentação de uma rua?  E aquele outro,  da Olavo Barreto Viana, em que venderam a Perimetral para alargar um pedaço da Perimetral, da CIACORP? E não falei em todos, como esse, por exemplo, “pró-guecai”,  pró-Guerino, Caixa Econômica e não sei mais quem. Esse não foi objeto de CPI. O “pró-mot” não foi objeto de CPI; foi objeto de Pedido de Informações meu, porque até hoje não sei onde está o motor, onde foi que ele explodiu. Agora, tenho a mais absoluta convicção, por experiência - e o diabo sabe mais por ser velho do que por diabo -,  que não cabia ao Departamento de Limpeza Urbana, que não tem pernas para andar, fazer  estudo de um motor de explosão. Ele precisa de dinheiro da Prefeitura, não tem recursos próprios para se auto-sustentar. Não poderia estudar motor de explosão, porque a ele não compete. Se fosse na Secretaria dos Transportes, eu entenderia. E o “pró-in” - realmente,  o incinerador foi objeto de CPI. Foi ao Ministério Público e não sei o que aconteceu, mas sei que o incinerador não chegou aqui e foi pago bastante por ele.

 Eu dizia que o diabo sabe mais por velho do que por diabo. Dia 1º de setembro de 1956 eu era convidado para ser  Diretor de Planejamento e Fiscalização da então criada Secretaria Municipal dos Transportes. E por essa condição de quase engenheiro que era eu acompanhava o Secretário Pedro Tarso Gonzales nas reuniões do Plano Diretor. Lá conheci o Edvaldo Pereira Paiva, extraordinária figura de urbanista. Lá conheci Demétrio Ribeiro, Enilda Ribeiro, Moacir Moojen Marques, que já conhecia - era meu colega do Júlio de Castilhos -, o Carlos Maximiliano Fayet, e tantos outros, como João Ferreira - e vou fazer injustiças porque vou esquecer nomes -, pessoas essas que se dedicavam à busca de soluções, isentas de qualquer outra coisa que não fosse de soluções, isentas de qualquer outra coisa que não fosse a promoção do urbanismo e da qualidade de vida da Cidade. Eu aprendi a admirar o Plano Diretor e os seus componentes, os seus integrantes, a Divisão de Urbanismo, que era o que existia naquele tempo.

Hoje, o que eu vejo do Plano Diretor? Nada. Só confusão, só furdunço. Tive que procurar no Dicionário Aurélio para saber o que era. Significa desordem  mesmo. Só o que eu vejo. Mas eu vejo também a Administração não sendo atenta com aqueles que têm a capacidade e a oportunidade, que se propõem a resolver. Diz o ofício que eu li aqui parte já, mas vou ler mais um pedaço: “Recentemente,  a Administração Popular” -  que popular coisa nenhuma! – “assumiu, de maneira autoritária,  a condução do processo de elaboração da proposta do Projeto de Lei sobre a matéria à revelia de tudo e de todos. Criando algo diferente do que vinha sendo feito até o momento, concedeu à Cidade de Porto Alegre o período de uma semana para compreender o novo Plano e apresentar eventuais propostas de alterações”.

Seria uma irresponsabilidade analisar, entender e propor sugestões em uma semana para um assunto de tamanha envergadura, que vem sendo estudado há três anos. Na verdade, não são três anos; é muito mais do que isso: quatro anos do Dr. Tarso, mais seis meses, sendo que, desses seis meses, dois deles o Prefeito fez relações públicas, como diz a Vera. Anamaria Negroni. Um terço do seu tempo de Prefeito é de relações públicas.

Este Plano, segundo os técnicos da Secretaria de Planejamento, está numa desordem total. Não existe Plano. Esta Casa está ouvindo hoje uma informação muito séria. A vida da Cidade, do seu sistema viário, de circulação, de habitação, de crescimento e de desenvolvimento, depende deste Plano Diretor. Este Plano Diretor foi entregue a esta Casa em setembro de 1996, às vésperas da eleição, por razões políticas. Não foram outras as razões - hoje estou convicto disso - que levaram o Prefeito a trazer a esta Casa, de forma quase solene, o projeto do II Plano Diretor de Desenvolvimento desta Cidade. Eu vi a realização do I Plano Diretor, participei dele porque era Secretário de Obras. Os técnicos da Secretaria de Planejamento, auxiliados pelos técnicos da Secretaria Municipal de Transportes, da SMOV e do DMAE,  elaboraram, e a Cidade discutiu através do Conselho do Plano Diretor, com audiência das entidades, durante dez dias, de manhã e à tarde. Agora as entidades mais representativas reclamam. É muito sério. O Plano Diretor é a vida da Cidade. Saúde e paz! E saúde também para o Plano Diretor! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra. Ausente. Juarez Pinheiro. Ausente. Maria do Rosário. Ausente. Nereu D'Ávila. Ausente. Paulo Brum. Desiste. Reginaldo Pujol. Ausente. Renato Guimarães. Ausente.

Estão encerrados os trabalhos.

 

 (Encerra-se a Reunião às 11h09min.)

 

* * * * *